Represas de areia e agricultura de conservação: criando estabilidade e unidade na comunidade.

Por Thabiso Matsoso

As represas e as práticas de agricultura de conservação (AC) são uma solução para o clima imprevisível em Tete, Moçambique. Mas o impacto dessas atividades vai além do simples aumento da disponibilidade de alimentos, também contribui para a estabilidade e unidade da comunidade.

Eu sou Thabiso Matsoso do Lesoto, a servir com o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) na Província de Tete como parte do Programa ‘Seed’. Estou a servir como extensionista de agricultura no distrito de Changara em 3 comunidades; Maconge, Wiriamo A e Wiriamo B.

Em Changara, os agricultores tradicionalmente abrem novos campos no mato, plantam durante  cerca de três a quatro anos, e depois abandonam esses campos assim que os nutrientes ficam baixos. Este processo contínuo de abrir novos campos significa que são forçados a procurar por muitos quilómetros para encontrarem locais adequados. Isso significa que alguns agricultores têm campos 15 a 50 km de distância das suas propriedades e, como resultado, é mais difícil para eles tomarem conta dos seus campos e controlar os animais de invadir os seus campos. Quando vão para os campos, normalmente levam as crianças, panelas e comida e ficam lá por dias, ou mesmo durante toda a época de plantio. Às vezes, acontece que, quando as pessoas estão lá ocupadas a trabalhar nos seus campos, outros estão ocupados a assaltar as suas casas.

Mas eu acho que Deus respondeu às suas orações através do projeto do CCM, que aborda a questão da segurança alimentar promovendo as práticas da AC e construindo represas. A AC encoraja o uso sustentável da terra, o que significa que as pessoas já não precisam mais de abandonar os seus campos e abrir novos. Os princípios da AC que mantêm a integridade do solo são:

1) Lavoura mínima

2) Rotação de culturas

3) Cobertura do solo

Esses princípios, quando aplicados pelos agricultores, não só eliminam a necessidade de abrir constantemente novos campos longe de casa, mas também aumenta o rendimento.

A AC não é a única atividade que tem um impacto na paz na comunidade; a construção de represas também aproxima as pessoas. Todos se juntam para ajudar a construir a represa, e a conclusão da represa é uma vitória a ser celebrada por todos. A água nestas represas é usada para cultivar vegetais para venda e para consumo familiar. Todos na comunidade têm acesso ao espaço e à água para fazerem a sua própria horta (machamba). Isso também pode reduzir o roubo na comunidade e contribuir para a unidade e a paz.

Uma história de edificação de comunidade que eu testemunhei pessoalmente ocorreu durante a época da produção dos vegetais no ano passado. Durante esse tempo, os agricultores se uniram para trabalharem em equipa e se apoiarem mutuamente para cultivar vegetais. Cada um contribuiu com dinheiro para comprar sementes e trabalharam em conjunto para plantarem um canteiro de sementes e dividiram as plantas igualmente entre eles. Um sinal de amor ainda maior foi visto quando uma comunidade tinha plantas extras e as ofereceu a uma comunidade vizinha, cuja primeira colheita sofreu ataques de insetos. Este fortalecimento da comunidade surgiu por causa do trabalho do CCM.

Thabiso Peace & FS B

Thabiso Matsoso em Maconje, visitando o campo do Sr. António Julho. Este mês, os agricultores estão a aproveitar das chuvas para plantar mapira, maxoeira e milho, mas logo os agricultores irão deixar os seus campos e se juntam para plantar hortas ao lado das represas.

Thabiso Peace & FS A

‘Seeder’ Thabiso Matsoso (à direita) com o Sr. Domingo (à esquerda) no seu campo em Wiriamo B. Um dos alvos da AC, a longo prazo, é melhorar a fertilidade do solo para que os agricultores possam produzir mais, mesmo em terras que, no primeiro relance parece impossível.

Sand Dams and CA: bringing communities together in Mozambique

By Thabiso Matsoso, Seeder from Lesotho serving in Mozambique

Sand dams and conservation agriculture (CA) practices are a solution to unpredictable climate in Tete, Mozambique. But the impact of these activities goes beyond simply increasing food availability, it also contributes to the stability and unity of the community.

I am Thabiso Matsoso from Lesotho, serving with the Christian Council of Mozambique (CCM) in Tete Province as a part of Seed Program. I am working as an agriculture extensionist in the district of Changara in 3 communities; Maconje, Wiriamo A, and Wiriamo B.

In Changara farmers traditionally open new fields in the bush, plant for about three to four years, and then abandon those fields as soon as soil nutrients run low. This continuous process of opening new fields means that they are forced to search many miles to look for suitable locations. This means that some farmers have fields 15 to 50 km away from their homesteads and as a results it is harder for them to keep an eye on their fields and control animals from invading their fields. When going to the fields they normally take children, pots, and food with them and stay there for days on end, or even for the whole planting season. Sometimes it happens that when people are out there busy working on their farms, others are busy breaking into their houses.

But I think God has answered their prayers through CCM’s project, which addresses the issue of food security by promoting CA practices and building sand dams. CA encourages the sustainable use of land, which means that people no longer need to abandon their fields and open new ones. The principles of CA that maintain the integrity of the soil are:

1) Minimum tillage

2) Crop rotation

3) Soil cover

These principles, when applied by farmers, not only eliminate the need to constantly open new fields far from home, but also increase yield.

CA isn’t the only activity that has an impact on peace in the community; the construction of sand dams also draws people together. Everyone comes together to help build the dam, and the completion of the dam is a victory to be celebrated by all. The water in these dams is used to grow vegetables for selling and for family consumption. Everyone in the community has access to space and water for making his or her own garden. This can also reduce theft in the community and contribute to unity and peace.

One story of community-building that I personally witnessed occurred during the vegetable growing season last year. During that time farmers came together to work as a team and support each other to grow vegetables. They each contributed money to buy seeds and worked together to plant a seed bed and divided the seedlings equally amongst themselves. An even bigger sign of love was seen when one community had extra seedlings and gave them to a neighbouring community whose first crop suffered from insect attacks. This strengthening of the community came about because of the work of CCM.

Thabiso Peace & FS A

Seeder Thabiso Matsoso (right) with Mr. Domingo (left) in his field in Wiriamo B. One of the long-term goals of CA is to improve the fertility of the soil so that farmers can produce more, even on land that at first glance seems hopeless.

Thabiso Peace & FS B

Thabiso Matsoso in Maconje, visiting Mr. Antonio Julho’s field. This month farmers are taking advantage of the rains to plant sorghum, millet, and maize, but soon farmers will leave their fields and come together to plant vegetable gardens next to the sand dams.